por Fernando Duarte
A eleição para a Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) se tornou uma cebola a ser descascada pelo governador Rui Costa. A cada camada de problema que ele consegue desenrolar, um novo parece surgir, completamente intacto. O primeiro deles foi o acordo firmado entre os parlamentares que eram candidatos em 2018 e que contou com o aval de Rui. Naquele entendimento, Nelson Leal (PP) ficaria no cargo no primeiro biênio e Adolfo Menezes (PSD) no segundo. Parece que foi para inglês ver.
A tensão começou com a articulação para que Leal fosse reconduzido ao cargo. Foi natimorta, mesmo porque uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre reeleições no Congresso Nacional frustrou qualquer tentativa de mudar a Constituição baiana para permitir um novo mandato ao progressista. Porém a iniciativa acendeu o interesse do PP em manter o comando da AL-BA. Até então, o PSD parecia deitar em berço esplêndido e Adolfo Menezes se colocava confortavelmente como o “candidato do governador”.
A pecha da chancela de Rui, inclusive, não é o mais agradável dos argumentos do socialdemocrata. O Legislativo como um “puxadinho” do Executivo nunca foi o melhor dos planos para qualquer parlamentar, então isso gerou um ruído que acabou catapultando o surgimento de outros nomes na disputa. No PP, emergiu o nome de Niltinho. Mas também apareceram opções como Vitor Bonfim (PL), Fabrício Falcão (PCdoB) e Samuel Jr. (PDT). Caso o progressista não se viabilize, os dois primeiros são alternativas de “planos B” nesse jogo de interesses que esconde a disputa entre PP, PSD e PT para 2022.
Sim, não tenha dúvidas disso. Esse embate pela direção da AL-BA é o rastilho de pólvora que pode dinamitar as relações até aqui harmônicas entre essas três forças políticas. Por isso, a versão bombeiro do governador entrou em campo com a expectativa que o incêndio seja debelado ainda nos momentos iniciais. Tanto que Rui tem feito rodadas de conversas individuais e também com lideranças dos três partidos para chegar a um nome de consenso – que é diferente, inclusive, do acordo que garantiu Leal na presidência há dois anos. O esforço é evitar um racha na base aliada ao tempo em que evita que PSD e PP se tornem forças incontroláveis do ponto de vista político.
O prazo parece estar estabelecido. Não passa da próxima semana uma solução para esse imbróglio. Tanto que o governador mergulhou de cabeça para costurar um entendimento para o impasse formado até aqui. O detalhe é que Rui está descascando uma cebola, com diversas camadas. E é bem difícil terminar esse processo sem derramar algumas lágrimas.
Este texto integra o comentário desta quinta-feira (7) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.
Por : Bahia Notícias