ACM Neto e Wagner se mantêm em evidência falando da cena nacional

Coincidência ou não, dois atores políticos da Bahia que tendem a ser protagonistas do processo eleitoral de 2022 ganharam holofotes ao mesmo tempo, comentando a cena política federal. Primeiro, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, fez as pazes com o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e usou as redes sociais para tentar se afastar do bolsonarismo. Depois, o senador Jaques Wagner (PT) foi responsável por responder de maneira dura às investidas do presidenciável Ciro Gomes (PDT) contra o PT. São esforços para manter visibilidade, mesmo que o objetivo explícito não seja a eleição do próximo ano.

O papo entre ACM Neto e Mandetta foi em tom bem amistoso e serviu como um espaço para criticar a forma desastrosa como o governo federal tem lidado com a crise do coronavírus. O ex-ministro acompanhou de perto os primeiros meses da pandemia e usa com propriedade essa visibilidade para tentar se capitalizar politicamente. A conversa transmitida ao vivo nas redes sociais de ambos foi bem diferente da acidez contida nas críticas feitas por Mandetta de que o DEM teria virado uma “maria-mole”, depois que ACM Neto não descartou apoiar Bolsonaro em 2022.

Foi uma virada de página rápida. Porém ambos têm interesses na paz. O ex-ministro quer manter o capital político para chegar em 2022 – o DEM garantiu apoio logístico para o intento. ACM Neto deu um passo para trás a fim de evitar que o desgaste do presidente Jair Bolsonaro respingue nele e essa proximidade com Mandetta ajuda. Mesmo que os aliados flertem com o bolsonarismo, o ex-prefeito de Salvador busca se afastar dele e é uma boa estratégia para quem deseja ser candidato ao governo em um estado com ampla rejeição ao presidente.

Voltando a Wagner, a reação dele a Ciro Gomes é resultado da afirmação do pedetista de que o foco é tirar o PT do segundo turno contra Bolsonaro. O ex-presidenciável precisa se alocar numa posição de centro-esquerda para tentar se viabilizar em 2022 e usa a isolamento da candidatura petista como trunfo. É um pouco kamikaze, mas totalmente dentro do padrão de Ciro. Como o ex-governador baiano continua sendo um nome importante na cena nacional, veio dele o petardo contra o antigo aliado.

Isso mantém Wagner em evidência em todos os cenários e ainda empurra Ciro para a eventual aliança com o adversário político dele, ACM Neto. Há uma tendência de que PDT e DEM conversem politicamente em 2022 e essas declarações reforçam que é um caminho possível, especialmente dentro do cenário baiano.

Os dois episódios foram bem despretensiosos.  Mas não custa ficar atento a essas movimentações daqueles que provavelmente vão estar na mais acirrada disputa pelo governo da Bahia das últimas décadas.

por Fernando Duarte