A cidade de Ibirataia, a 356km de Salvador, ganhou os holofotes da mídia baiana essa semana por ter zerado casos de Covid-19. Até esta sexta-feira (26), no entanto, a situação mudou – mas nem tanto. Há hoje um caso ativo no município do sul da Bahia. Para saber como a prefeitura fez para diminuir a disseminação do vírus, o BNews procurou o secretário municipal de Saúde, Marcus Lima.
Segundo Lima, “foi um conjunto de ações desde o início da Pandemia”. “A principal delas, na minha visão, foi manter até os dias de hoje o Centro de Covid Municipal que dispõe de uma equipe multidisciplinar com enfermeiras, técnicos, médicos, psicóloga, fisioterapeutas e agentes de campo”, conta.
Com esse Centro de Covid, a comunidade, ao primeiro sintoma, se dirige para realizar a triagem, testagem e consulta. “Lá ele é medicado testado e indicado a se isolar. Toda a família também é orientada e monitorada fazendo assim com que o vírus deixe de circular”, explica.
De acordo com ele, Ibirataia esteve sempre com o maior incidência da Bahia, justificada pelo alto número de testagem que nunca deixou de ser realizada. “Detectar, educar, medicar, isolar e monitorar são as ações que norteiam nosso trabalho”, pondera.
Além do centro de Covid, outras ações como trabalho educativo, fiscalização das regras de restrição e higienização das vias públicas também são realizadas em Ibirataia. “Embora a situação seja temporária já reflete que o trabalho vem surtindo efeito”, completa, ao informar que 24 pessoas aguardam o exame do Lacen-BA.
Kit Covid – Questionado sobre o kit Covid-19 (Ivermectina, Cloroquina e Azitromicina) – que alguns municípios adotaram no tratamento precoce da doença – foi também utilizado pela cidade, Marcus Lima disse que a prescrição dos medicamentos cabe exclusivamente ao médico.
“Entendo que no seu consultório, diante do paciente, o médico é soberano. Não possuímos protocolo medicamentoso, contudo cada médico diante da situação apresentada pelo paciênte aplica o prescrição que, segundo seu entendimento, é a mais adequada”, afirma.
O secretário ainda criticou o “protocolo medicamentoso”, pois “põe todos no mesmo ‘balaio’ e não enxerga a individualidade de cada paciente”. “Então se o médico achar que para aquela situação tais medicamentos sejam os indicados eles assim o farão. A importância do tratamento precisa é não deixar quadros simples evoluírem, e creio que o centro de Covid-19 tem contribuído para a não evolução de diversos casos, haja visto que
nossos hospitais do município pouco recebem pacientes. O tratamento é feito em casa e prescrito pelo médico do próprio Centro de Covid”, pontuou.
Lockdown – Para o chefe municipal da Saúde, o lockdown (fechamento completo) “é uma ferramenta que ajuda, apesar de todas as controvérsias sobre o assunto”.
“Contudo percebemos que os locais de maiores aglomerações como mercados, feiras livres, casas lotéricas e agências bancárias sempre ficam de fora por serem considerados essenciais fazendo assim com que o efeito não seja o ideal na contenção da circulação do vírus”, opinou.
Por fim, Marcus Lima disse que é importante, principalmente em municípios pequenos como o de Ibirataia, a postura como a da prefeita Ana Cleia (PSD). Para ele, a gestora deu toda a autonomia a área técnica da Secretaria de Saúde para que as ações sejam sempre realizadas de forma técnica e profissional, “não permitindo que ações e pressões externas interfiram no que os profissionais da Secretaria de Saúde entendem que é o melhor para conter a Covid”.
“Também quero salientar que devemos continuar com os cuidados pessoas e coletivos já conhecidos por todos e abraçarmos a campanha de vacina para que em breve possamos dizer que vencemos a batalha”, concluiu.
Por: João Brandão