por Mônica Bergamo | Folhapress
Movimentos da sociedade civil favoráveis ao chamado “tratamento precoce” estão em contato com interlocutores do Palácio do Planalto para marcar um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na próxima semana.
O objetivo é entregar uma carta pedindo que o Ministério da Saúde divulgue “de modo significativo essa linha terapêutica” e adote a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina como política pública para tratar a Covid-19 ou seus sintomas.
A iniciativa é do Movimento Legislação e Vida, que há anos atua em pautas antiaborto, e do grupo Médicos pela Vida, que já reúne mais de 4 mil assinaturas em um manifesto virtual em defesa do “tratamento precoce”. Um dos articuladores integra o gabinete do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que faz parte da CPI da Covid e é ligado a Bolsonaro.
Embora remédios como cloroquina e ivermectina sejam usados há décadas para outros objetivos, eles já foram descartados pela comunidade científica e médica para o tratamento da Covid-19 por não demonstrarem capacidade de barrar o coronavírus, prevenir a doença ou tratá-la.
Intitulado “Carta do Brasil”, o documento ainda critica os principais instrumentos adotados no combate ao vírus, se colocando contra o uso de máscaras de proteção e a pressão pela vacinação em massa. A carta também condena a cobertura da crise sanitária pela imprensa.
“Prevalece a narrativa única da mídia, altamente controversa, fazendo edição de notícias que nem sempre condiz com a realidade dos fatos, fomentando o medo e o pânico na população, e induzindo os governantes a falsas soluções e medidas equivocadas”, diz o texto.
Os signatários afirmam que a epidemia tem sido instrumentalizada para fins políticos, o que estaria prejudicando a sociedade e provocando mortes. “Danos esses que poderiam ser mitigados se tais medidas fossem realmente voltadas ao combate do Sars-CoV-2, sem que a politização da pandemia favorecesse fortes interesses ideológicos e econômicos”, segue.
A pressão dos grupos coincide com a instalação da CPI da Covid, que deve ter como uma das frentes de investigação a recomendação do uso de remédios sem eficácia comprovada contra a doença. Eles, no entanto, se veem respaldados por declarações dadas por Bolsonaro ao longo do último ano e esperam contar com seu apoio.