O Projeto “TV Criança Feliz apresenta: Semáforo do Cuidado”, realizado pela Secretaria de Assistência Social (SEMAS), propõe-se a tratar, de forma lúdica, um tema tabu na sociedade: os limites do toque no corpo da criança, desde um aperto na bochecha mais forte até situações de abuso sexual. Visitadores do programa Criança Feliz apresentaram uma peça teatral sobre o assunto, em uma linguagem acessível e sutil, porém informativa e esclarecedora.
As encenações aconteceram nos CRAS de Boa União e Nova Brasília, na quinta-feira (03), e se repetiram nesta sexta-feira (04), nos CRAS de Riacho da Guia e Praça do CEU. Mais de 800 famílias foram atendidas nos dois dias de evento. Pais, cuidadores e as próprias crianças puderam compreender até que ponto o toque pode ser invasivo ou constranger, alertando, inclusive, para situações de assédio e perigo.
“Entendemos que um aperto nas bochechas, ato considerado por muitos como normal, pode ser um incômodo. O corpo da criança precisa ser percebido como algo sagrado”, disse o coordenador da Assistência Social Básica da SEMAS, Washington Flávio. “É necessário o alerta desde cedo. Seu corpo só deve ser tomado por você, e outra pessoa só pode lhe alcançar com a sua permissão”, complementou.
O Projeto discute questões que vão além da sexualização e do toque nas partes íntimas, abordando o que incomoda a criança, como um beijo molhado que pode deixa-la constrangida. Toda a dinâmica foi conduzida sob o viés da Psicologia, de modo a não agredir as famílias ao falar do assunto muitas vezes silenciado.
A visitadora Ângela Maria Souza de Jesus explicou que abordar o tema de forma lúdica facilita a compreensão da criança. “Chama a atenção e ela aprende a mensagem que foi passada. Esse é um contexto que deve ser trabalhado dentro da família, onde os laços de afetividade devem ser fortalecidos, em que a criança absorve melhor as informações para poder identificar o perigo e solicitar ajuda de um adulto”.
Segundo dados do Ministério Público, três crianças ou adolescentes são abusadas sexualmente no Brasil a cada hora. Os casos acontecem, sobretudo, dentro da própria família ou com pessoas próximas. “A informação é a ferramenta primordial para coibir esse tipo de acontecimento. As famílias assistidas pelos CRAS são de extrema vulnerabilidade social e têm uma certa dificuldade para tratar desse tema”, finalizou.
As visitadoras Aías Daian da Silva Lima e Ana Karina Araújo Cerqueira também participaram da TV Criança Feliz.
Fotos: Roberto Fonseca