Quadrilhas Juninas: Uma Tradição que Dança no Coração do São João da Bahia e Agora é Lei

Por :Jackson Santos DRT9109/BA

No mês de junho, o Nordeste inteiro se enfeita de cores, sons e sabores. Mas é na Bahia que o São João ganha um brilho especial, com sua mistura única de tradição, fé, festa e muita dança. E entre todas as manifestações culturais que compõem esse período mágico, as quadrilhas juninas ocupam um lugar de destaque — não apenas nos palcos das festas, mas na história e no coração do povo.

 Onde Tudo Começou

A origem das quadrilhas juninas remonta à Europa, mais precisamente à França do século XVIII, onde danças de salão chamadas de quadrille animavam os bailes da aristocracia. Com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, essas danças chegaram por aqui e, com o tempo, foram sendo adaptadas ao gosto popular, principalmente no Nordeste.

No Brasil, elas ganharam sotaque caipira, incorporaram elementos da cultura rural e se transformaram em manifestações populares cheias de alegria, teatralidade e identidade. Não há um registro oficial da primeira quadrilha no país, mas há registros orais que apontam que no final do século XIX já existiam festas juninas com danças semelhantes nos interiores da Bahia e de Pernambuco.

 A Importância das Quadrilhas no São João da Bahia

Na Bahia, as quadrilhas evoluíram para muito mais do que apenas dança. Elas se tornaram verdadeiros espetáculos que misturam música, teatro, humor e crítica social. Durante os festejos juninos, milhares de grupos se apresentam em praças, colégios, comunidades e festivais competitivos, reunindo jovens e adultos em torno de algo maior: a preservação da cultura popular.

As quadrilhas movimentam a economia local, incentivam a educação artística e oferecem um espaço de inclusão e socialização, especialmente para jovens de comunidades periféricas. Os meses de ensaio criam disciplina, cooperação e orgulho coletivo — ingredientes fundamentais para fortalecer o sentimento de pertencimento.

 Reconhecimento Oficial: Lei de 2024

Após décadas de valorização popular e resistência cultural, o ano de 2024 marcou um novo capítulo na história das quadrilhas juninas. Foi aprovada a Lei nº 14.866/2024, que reconhece as quadrilhas juninas como manifestações da cultura popular nacional. A legislação foi sancionada após forte mobilização de grupos culturais, pesquisadores e artistas ligados ao movimento junino.

A nova lei garante o incentivo à preservação e difusão das quadrilhas, viabiliza políticas públicas de apoio e abre caminhos para mais investimentos e valorização dessa arte em todo o território nacional.

Na Bahia, a notícia foi recebida com festa. Coordenadores, dançarinos e simpatizantes da cultura junina celebraram o reconhecimento como uma vitória coletiva — o coroamento de uma história que começou com passos de dança e hoje caminha com dignidade, visibilidade e força institucional.

 Uma Tradição que Segue Viva

Hoje, as quadrilhas juninas são muito mais do que parte do São João: são um símbolo da força da cultura nordestina e da capacidade de transformação social por meio da arte. Em cada figurino costurado à mão, em cada passo ensaiado com paixão, pulsa a memória de um povo que nunca deixou de dançar, mesmo diante das dificuldades.

Com a nova lei, as quadrilhas ganham ainda mais espaço para crescer, resistir e encantar — como sempre fizeram. Porque enquanto houver sanfona tocando e bandeirinha tremulando, haverá quadrilha no São João da Bahia.

Alagoinhas Apoia as Quadrilhas com Edital de R$ 315 mil

Em um passo concreto para valorizar a cultura junina, a Prefeitura de Alagoinhas lançou nesta quarta-feira (16 de abril) um edital de chamamento público que destina R$ 315 mil para apoiar financeiramente quadrilhas juninas do município.

Serão selecionadas quatro quadrilhas que atendam aos critérios do edital, como:

  • Estar formalmente constituída há, no mínimo, três anos;

  • Representar o município em concursos regionais;

  • Ou realizar apresentações regulares em bairros, distritos ou povoados de Alagoinhas.

As inscrições estarão abertas de 17 a 24 de abril, das 9h às 14h, na sede da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), no prédio da Biblioteca Maria Feijó. Mesmo durante o ponto facultativo do dia 17, a equipe da SECET estará de plantão para orientar as quadrilhas no processo de inscrição.

Cultura Viva e Representativa

Exemplos como a Quadrilha Beija-Flor, campeã no grupo Semi-Especial do XV Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas, mostram a força da cultura local. Composta por cerca de 80 integrantes, a quadrilha representa com orgulho a periferia de Alagoinhas e já encantou o público no circuito oficial do São João da cidade.

Com apoio da SECET e da Câmara Municipal, o grupo é um dos reflexos do quanto o investimento público pode transformar vidas e manter vivas as tradições.

 

FOTOS DE OUTRAS QUADRILHAS PARA ABRILHANTAR AINDA MAIS A NOSSA MATÉRIA:

Fotos : rede social