Através de relato, conselheira tutelar deu detalhes sobre a infância e adolescente sofrida do jovem atacado por leoa em parque | Reprodução/Redes Sociais
O jovem Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, morreu neste domingo (30) após entrar na jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa (PB). Imagens registradas por visitantes mostram o momento em que ele acessa o recinto e é atacado pelo animal.
Após a repercussão do caso, a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson desde a infância, divulgou um relato emocionante sobre a trajetória do jovem. Segundo ela, o rapaz tinha diagnóstico de esquizofrenia e teve uma vida marcada por abandono, violações e sofrimento.
“Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões. Você ainda tentou. E eu agradeci a Deus quando o aeroporto me avisou que você tinha cortado a cerca e entrado no trem de pouso de um avião da Gol. Graças a Deus, observaram pelas câmeras antes que uma tragédia acontecesse”, iniciou Verônica.
“Foram oito anos acompanhando você, lutando, brigando para garantir seus direitos. Quando entrou na minha sala pela primeira vez, tinha apenas 10 anos. Eu e a conselheira Patrícia Falcão recebemos você das mãos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), encontrado sozinho na BR. Desde então, toda a rede de proteção me procurava sempre que algo acontecia com você”.
Por fim, a conselheira lamentou a imagem criada pelo jovem após o trágico episódio.
“Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Eu conheci a criança destituída do poder familiar da mãe, impedido de ser adotado como os outros quatro irmãos. Você só queria voltar a ser filho da sua mãe, que é esquizofrênica e não tinha condições de cuidado. Sua avó, também com transtornos mentais. Mas a sociedade, sem conhecer sua história, preferiu te jogar na jaula dos leões”, finalizou.
Histórico criminal
Gerson acumulou diversas passagens pela polícia e centros socioeducativos desde a infância. Segundo a Polícia Civil, ele havia sido solto na sexta-feira (28), dois dias antes do ataque, após tentar danificar caixas eletrônicos no bairro de Mangabeira, na capital paraibana.



