Polícia da Bahia apreende RS 670 mil em fazenda da família de prefeito suspeito de ligação com PCC

ROGÉRIO PAGNAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma operação de combate ao tráfico de drogas, a Polícia Civil da Bahia apreendeu na manhã desta quinta-feira (17) R$ 670 mil em uma fazenda da família do prefeito de Embu das Artes (SP), Ney Santos (Republicanos), político suspeito de ligação com o PCC.

O prefeito estava na propriedade, que fica no povoado de Encruzilhada, no município de Vitória da Conquista. Santos chegou a ser conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos e foi liberado em seguida.

Um funcionário da fazenda foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e, segundo a Polícia Civil baiana, foi liberado após pagamento de fiança. A operação foi batizada de Narco Divisa e conduzida por equipes ligadas ao combate ao crime organizados e a entorpecentes.

O nome da operação faz referência à localização da fazenda, na divisa entre Bahia e Minas Gerais.

Segundo policiais civis ouvidos pela reportagem, após denúncias de supostas atividades criminosas no local a fazenda passou a ser monitorada. A principal suspeita era de tráfico de drogas, por causa do uso de aeronaves e da construção de uma pista de pouso.

A Justiça autorizou a realização de buscas e apreensão no local, e a operação foi deflagrada quando os agentes receberam a informação do pouso de uma aeronave. Cerca de 50 pessoas estavam na fazenda, entre familiares e funcionários que participam de obras.

O dinheiro foi encontrado na sede da fazenda e apreendido. Foram encontradas com o gerente da fazenda, cujo nome não foi divulgado, uma pistola .380 e uma carabina calibre 22, além de 250 munições. Ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e foi liberado após o pagamento de fiança de R$ 26,1 mil.

Ainda segundo a Polícia Civil, o prefeito foi levado para a delegacia. Ele afirmou aos policiais que tanto a fazenda quanto o dinheiro pertencem ao irmão dele, que não estava na propriedade. Ainda segundo Santos, o parente quer construir um leilão de gado na fazenda.

Agora, segundo os policiais, a família de Santos terá de provar a origem do dinheiro e a documentação da propriedade.

Em maio deste ano, o prefeito de Embu das Artes foi condenado a dois anos e quatro meses de reclusão, em regime inicial aberto, por disparo de arma de fogo em via pública. A condenação é em primeira instância e, por isso, cabe recurso.

Reeleito em 2020, ele é investigado pela polícia e pelo Ministério Público de São Paulo por suposta ligação com o PCC em um esquema de lavagem de dinheiro em postos de combustíveis. Santos nega a relação.

Procurado pela reportagem, ele respondeu por meio de nota que está com problemas e, por orientação médica, decidiu tirar dias de repouso com a família.

“Viajei na última quarta-feira na companhia dos meus filhos, da minha mãe de 83 anos de idade, a qual também se encontra em processo de reabilitação da saúde em função da Covid”, diz trecho da nota. “Esses são os reais motivos da minha viagem”, afirmou.

Ele fez críticas às notícias divulgadas a respeito da ação. “Graças a Deus está tudo bem comigo e com a minha família. De cabeça erguida, firme e forte, continuarei, a despeito daqueles que não se conformam com o resultado das urnas, trabalhando pelos moradores da minha querida cidade”, finaliza a nota.

Nas redes sociais, o prefeito divulgou um vídeo no qual, ao lado da mãe, diz que a propriedade pertence ao irmão dele há mais de quatro anos e que todos os recursos encontrados na propriedade estão contabilizados.