CPI da Covid: depois de depoimento de Miranda, servidores e empresários devem ser convocados

As convocações deverão ser votadas a partir de terça

O principal nome de interesse dos senadores é Ricardo Barros

Empresários ligados à Precisa Medicamentos também irão falar

A CPI da Covid deverá votar, a partir da terça-feira (29), requerimentos para convocar para depor funcionários do governo e empresários ligados ao esquema de compra irregular da vacina indiana Covaxin.

Omar Aziz (PSD-AM), que preside a comissão, a maioria destes nomes não eram conhecidos pelos senadores até o depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que na sexta-feira (26) disseram ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre as irregularidades.

“Provavelmente vamos aprovar novos requerimentos, terça ou quarta, porque eles falaram em alguns servidores e deram detalhes que não eram do nosso conhecimento”, disse Aziz ao portal UOL. “Eu sempre tenho precaução para fazer as coisas sem politizar. Mas os fatos que eles trouxeram são graves”, completou.

O nome de maior interesse do colegiado é de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara e, segundo os irmãos Miranda, pessoa que Bolsonaro disse estar ligado à compra fraudulenta do imunizante indiano.

Ele já tem um pedido de convocação que ainda não foi votado pela CPI, de autoria de Jorginho Mello (PL-SC), que é um senador governista. Ele emitiu o pedido no dia 24 para Barros explique alterações feitas na Medida Provisória 1026, que regulou a compra das vacinas contra a Covid-19, que permitiu o contrato da Covaxin.

Outros nomes citados por Luis Ricardo Miranda também deveram ser chamados. Entre os possíveis convocados está Regina Célia Silva Oliveira, fiscal do contrato com a Bharat Biotech, fabricante da Covaxin, e a Precisa Medicamentos, representante do laboratório no Brasil.

O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou ainda na sexta um pedido de convocação de Regina, que deve ser votado esta semana. Luis Ricardo revelou que foi ela quem autorizou a transferência de R$ 45 milhões à Madison Biotech, empresa offshore de Cingapura que também está sendo investigada no caso da Covaxin.

O deputado Barros foi às redes sociais negar as acusações e negou ter indicado Regina Célia ao cargo, conforme foi fito por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante a sessão. Ela é servidora de carreira desde 1995, mas foi Barros, quando era ministro da Saúde, que a nomeou para o cargo atual, em fevereiro de 2018, de acordo com o Diário Oficial da União.

Outro possível convocado, também a pedido de Humberto Costa, é Roberto Ferreira Dias, diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele foi a pessoa que assinou, em nome do governo, o contrato com a Precisa Medicamentos. Luis Ricardo disse que ele foi um de seus superiores que o pressionou para liberar a importação da vacina.

Outros superiores do servidor que possivelmente serão convocados são Élcio Franco, secretário-executivo da pasta na gestão de Eduardo Pazuello, e o tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de aquisições e insumos do ministério.

A CPI poderá aprovar também a convocação de Rodrigo de Lima. “O Ministério estava sem vacina e um colega de trabalho, Rodrigo, servidor, me disse que tinha um rapaz que vendia vacina e que esse rapaz disse que os seus, alguns gestores, estavam pedindo propina”, disse Luis Ricardo sobre ele. Lima, no entanto, já negou ter ouvido este pedido de propina.

Em relação à convocação de empresários, serão levantados nomes ligados a Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. Ele deveria haver falado ao colegiado em 23 de junho, mas ele pediu adiamento por ter voltado recentemente da Índia e precisaria cumprir quarentena.

Os nomes ligados a Maximiano que vieram à tona no depoimento dos irmãos Miranda são os de Danilo Fiorini, ex-diretor executivo da Precisa e da Global Gestão em Saúde, outra empresa suspeita, e Wellyngton Ferreira Gonçalves, sócio na Global e na Rompro Participações, companhia que também deve ser investigada.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Barros em janeiro de 2019 por improbidade administrativa depois que a Global recebeu R$ 20 milhões do governo por remédios para doenças raras que não foram entregues.

Fonte Yahoo Notícias