Um homem foi resgatado do trabalho análogo ao de escravo, em uma fazenda de gado, em Formosa (GO), após mais de oito anos de serviço. A operação de fiscalização realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) teve início no último dia 11. As informações são do colunista Leonardo Sakamoto, do Uol.
De acordo com o MPT, o homem, identificado como Itamar, vivia com sua esposa e cinco filhos em um alojamento sem água e luz e infestado de escorpiões e cobras. “Se não forrasse o chão e tapasse os buracos da casa todos os dias, os escorpiões picariam meus meninos. Dormia todo mundo no mesmo lugar. Assim eu ficava de olho nos bichos”, contou ao Uol, Marilene da Costa, esposa de Itamar.
A casa também não tinha geladeira nem banheiro. Conforme a mulher, a iluminação só chegou uma semana antes da operação de fiscalização do MPT. O local também tinha pouca comida e muita poeira da mineração de calcário que ocorria perto do local.
Por conta do pó gerado pela empresa de mineração, o MPT está investigando a saúde da família, devido à exposição prolongada do produto. A filha de 14 anos do casal tem bronquite asmática e sofria com a poeira intensa – os outros filhos têm 16, 8, 7 e 4 anos.
“A quantidade de pó era impressionante”, afirmou ao Uol a auditora fiscal Andréia Donin, coordenadora da operação. A situação vivida por Itamar foi denunciada pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
Procurada pelo Uol, a defesa do proprietário da fazenda Muzungo, Meroveu José Caixeta, informou que, até o momento, não teve acesso integral aos autos do procedimento de inspeção. O representante afirmou que “o cliente colaborou com os trabalhos da fiscalização, firmando Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho, para atender todas as exigências que entenderam pertinentes”.
Fonte ISTOÉ