Confrontos em Mianmar deixam 5 rebeldes mortos

Manifestantes birmaneses contra o golpe de Estado militar, em 15 de maio de 2021, em Dawei

Ao menos cinco rebeldes da oposição morreram após vários dias de confrontos em Mianmar, informou neste domingo (16) uma milícia que se opõe à junta, enquanto o Reino Unido e os Estados Unidos condenaram a violência do Exército contra os civis e o papa pediu paz.

“Pelo menos cinco de nossos membros foram mortos e mais de dez foram feridos” esta semana, declarou um porta-voz da Força de Defesa de Chinland (CDF), um grupo de milicianos da cidade de Mindat, que se tornou o principal ponto de agitação no estado de Chin.

O porta-voz, que não quis ser identificado, disse que cinco moradores de Mindat também foram detidos pelo Exército.

Mianmar está em crise desde que os generais birmaneses derrubaram o governo civil de Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro, desencadeando uma revolta que as autoridades tentam reprimir pela força.

Os rebeldes criaram milícias locais com armas de fabricação caseira para proteger suas aldeias das forças de segurança, que mataram pelo menos 790 civis, segundo uma associação local.

Com os dados móveis bloqueados em todo o país, é difícil obter e verificar informações sobre os combates.

O porta-voz da CDF afirmou à AFP que os milicianos incendiaram vários caminhões do exército e emboscaram as tropas de reforço, enquanto os militares atacavam a cidade com artilharia.

Neste domingo, a CDF havia se retirado para a selva. “Mas logo vamos atacar de novo (…) Só temos armas caseiras. Não foi o suficiente”.

As embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido pediram no sábado às forças de segurança para acabar com a violência nesta cidade de mais de 40.000 habitantes.

“O uso de armas de guerra pelos militares contra os civis, inclusive esta semana em Mindat, é mais uma demonstração dos extremos a que o regime está disposto a se rebaixar para manter o poder”, denunciou a embaixada dos Estados Unidos.

A embaixada britânica, por sua vez, disse que a violência em Mindat “não pode ser justificada”.

E, neste domingo, o papa Francisco celebrou uma missa por Mianmar, reiterando seus apelos pela paz e pelo fim da violência no quarto mês de repressão sangrenta da junta militar contra os civis.

A missa na Basílica de São Pedro do Vaticano acontece após vários apelos pela paz nos últimos meses por Francisco, que visitou Mianmar em novembro de 2017, na primeira visita papal a um país de maioria budista.

Em sua homilia, o pontífice argentino evitou denunciar abertamente o regime militar birmanês e, em vez disso, pediu aos fiéis que “cuidem da verdade”, exortando-os a não perderem as esperanças.

Francisco apelou à unidade, chamando a divisão entre comunidades e povos de uma “doença mortal”.

“Sei que algumas situações políticas e sociais são maiores do que vocês, mas o compromisso com a paz e a fraternidade nasce sempre da base. Cada um pode fazer a sua parte”, disse.

“E onde há guerra, violência e ódio, ser fiel ao Evangelho e construtor da paz significa comprometer-se, também através das decisões sociais e políticas, arriscando a vida”, acrescentou.

Estima-se que haja 700.000 católicos em Mianmar, cerca de 1% da população.

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Fonte: Yahoo!Notícias